quarta-feira, 11 de abril de 2007

O Suave Cheiro da Saudade de Julia

Quem for separado e pai vai entender. Quem for separado e pai de criança bem pequena (menos de 2 anos) vai entender mais ainda. Mas quem for separado e pai de criança bem pequena, risonha, brincalhona e lindona vai se achar aqui.
Esse negócio de, numa separação, a criança ficar com a mãe é uma dor danada para o pai. Eu passo por isso. Fim de semana sim, fim de semana não, a Julia fica comigo. As semanas parecem que têm 12, 13 dias. Os dias parecem que têm 31, 32 horas. O tempo não passa, a coisa não anda. Os pensamentos ficam soltos. "O que ela já está fazendo que eu não estou sabendo? Já nasceram mais dentinhos? O cabelo cresceu? Tá coradinha?" E tome de ansiedade e prostração por não estar ao lado dela todos os dias. E o que mais eu sinto falta é o sorriso dela quando acorda. Julia faz o gênero simpaticona e acorda no maior bom humor. Acorda e não chora. Fica brincando e conversando com seus bonequinhos. Quando aparece alguém no quarto, ela solta um sorriso que garante o começo de um bom dia. E eu não tenho mais isso todo dia. Dói, dói muito.
No final de semana passado, ela ficou comigo. Foi mais ótimo ainda porque era Páscoa e fiquei com ela desde o final da tarde de quinta-feira. A farra foi para cansar maratonista, pois a Jujuba resolveu colocar em dia todas as brincadeiras com o pai e os avós. Quando ia dormir, estava exausta e caía feito uma pedra. A bem da verdade, 10 minutos depois nós fazíamos o mesmo, porque não está dando para agüentar o pique da menina. Mas a sensação era que todos dormiam com sorrisos nos lábios, tal era a felicidade que transbordava na casa. Ao acordar, o tradicional sorriso e começava toda a agitação. E tome gargalhada, engatinhada, passeios, brincadeiras, banhos e alimentação. Em algum momento uma sonequinha para descansar. Mais nós do que ela.
Mas aí chega domingo e vem a hora dela ir embora. Devolvo minha bonequinha para a mãe e volto para casa. Nesse momento, sinto que a casa está tomada pelo cheiro da Julia. Um cheiro suave mas marcante. E que só faz aumentar enquanto eu ando pelo apartamento. No meu quarto, então, ele é torturante. Me preparo para dormir e o delicioso cheiro inibe qualquer outro estímulo que eu possa ter. Só existe ele. Só existe ela, Julia. E essa fina fragrância me avisa que, para que eu tenha as mesmas alegrias desses poucos dias, faltam 2 semanas. E das grandes.
Confirmado: saudade tem cheiro.